André Guimarães, diretor executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), pautou o futuro da agricultura com proteção da Amazônia e do Cerrado junto ao ADBI (Instituto do Banco Asiático de Desenvolvimento), ocorrido em Bangkok, na Tailândia, nos dias 20 e 21 de março.
O evento “Futuras Sinergias entre Clima e Desenvolvimento: Uma Conferência Internacional da Iniciativa de Cooperação de Think Tanks Globais” derivou de esforços da COP29 para a troca de conhecimentos e o fomento a parcerias em prol da transição sustentável e da aceleração da ação climática. Entre os convidados estavam lideranças globais, pesquisadores e agentes governamentais.
Com três momentos de intervenção na agenda, Guimarães foi palestrante em sessão sobre a proteção de florestas; moderador em sessão sobre as salvaguardas à água em rios e oceanos; e participante em debate sobre as conexões da ciência com o desenvolvimento de políticas públicas efetivas para o enfrentamento à mudança do clima.

À esquerda, o diretor executivo do IPAM André Guimarães em evento do Instituto do Banco Asiático de Desenvolvimento (Foto: Divulgação)
O diretor apresentou dados do IPAM sobre a Amazônia e o Cerrado, destacando os incêndios, o desmatamento e o aumento da temperatura nos biomas, bem como a maior ocorrência de eventos climáticos extremos no país, a exemplo da seca no Estado do Amazonas em 2024. Além disso, explicou a relação entre produtividade rural e conservação, mencionando o limite climático da agricultura no Brasil – a partir de artigo publicado por pesquisadora do Instituto.
“Cerca de 90% da agricultura no Brasil depende da chuva, o restante é ligado à água dos rios. Portanto, é a natureza viva e saudável que garante as condições para a plantação também prosperar. O desenvolvimento em sinergia com o que precisamos para sobreviver ao clima inclui 1) zerar o desmate, 2) prover assistência técnica rural, 3) compensar financeiramente a conservação e 4) redefinir a paisagem agrícola”, resume Guimarães.
Experiências de iniciativas do IPAM e parceiros com agricultores familiares e produtores rurais na Amazônia e no Cerrado foram compartilhadas como exemplos bem-sucedidos da união entre produção e conservação.
O Projeto Assentamentos Sustentáveis na Amazônia, citado pelo diretor, aumentou em 135% a renda bruta de mais de 3 mil agricultores familiares ao oferecer assistência técnica e rural. Ao mesmo tempo, derrubou o desmatamento nos lotes em 76%, entre 2012 e 2017.
Já o CONSERV, também lembrado, ajuda a proteger mais de 26 mil hectares de vegetação nativa, que poderia ser desmatada e emitir mais de 2 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. Isso porque o mecanismo remunera as propriedades para manter áreas nativas além da reserva legal.