Cursos em Roraima apoiam autonomia de brigadistas e comunicadores indígenas

12 de setembro de 2025 | Notícias, Sem categoria

set 12, 2025 | Notícias, Sem categoria

Para contribuir com a autonomia de brigadistas e comunicadores indígenas, o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), em parceria com o Centro de Pesquisa Climática Woodwell, realizou mini cursos de SIG (Sistema de Informação Geográfica) e de Comunicação na terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

De 8 a 11 de setembro, participaram da formação 18 representantes de seis povos: Macuxi, Wapichana, Waiwai, Taurepang de Roraima; Terena e Kadiwéu, do Mato Grosso do Sul.

Conhecimento ancestral e tecnologia 

O curso de SIG aliou o conhecimento tradicional de brigadistas indígenas, em sua maioria mulheres, à tecnologia de base de dados geoespaciais. O intuito é facilitar a elaboração de mapas para monitoramento do território, contribuindo para o combate e prevenção de incêndios, já realizados pelas brigadas.

Ana Paula Leví, do povo Wapichana, é coordenadora da brigada indígena comunitária do Estado de Roraima e acompanhou o curso. “Está sendo bem especial para nós, mulheres indígenas. A gente conhecia o nosso mapa por caminhadas, mas estamos sempre acompanhando as novas tecnologias. O uso de computadores e satélites facilita o nosso deslocamento e mostra quais áreas foram queimadas”, comentou.

“O mapa digital permite que a gente explore mais o território do que o mapa físico, como dar zoom em lugares específicos”, afirma Luciana Correia da Silva, chefe de esquadrão de brigada PrevFogo no Mato Grosso do Sul.

Tarsila Andrade, analista de pesquisa do IPAM, foi uma das facilitadoras da formação. “As brigadistas têm um conhecimento espacial avançado sobre seus territórios, isso agrega ainda mais no aprendizado durante o curso”, conta.

“Combinamos o conhecimento que elas já possuem com ferramentas para construção de mapas, desde a aquisição de dados espaciais até a compreensão de elementos fundamentais, como sistema de coordenadas, escala e legenda. Tudo para que elas possam criar os mapas que contam as histórias dos seus territórios”, afirma Manoela Machado, pesquisadora do Centro de Pesquisa Climática Woodwell.

Troca de conhecimentos

A oficina de comunicação tratou de temas como a estrutura de uma notícia, conceder e realizar entrevistas, planejamento de conteúdo para as redes sociais e técnicas audiovisuais; ainda foi apresentada a plataforma Proteja, uma biblioteca virtual com conteúdo sobre áreas protegidas.

Isabela Tomaz da Silva, do povo Wapichana, faz parte da equipe de Comunicação da região Serra da Lua e participou da formação. “Os comunicadores são os primeiros a ecoar a voz dos povos indígenas do Estado de Roraima e do movimento indígena. O curso nos ajuda a fazer denúncias e mostrar o que tem dentro dos nossos territórios”, explica.

Charles Nogueira, do povo Taurepang, é coordenador de Comunicação do CIR (Conselho Indígena de Roraima) e acompanhou a formação. “É bacana ver essa troca entre diferentes povos, de diferentes regiões, trazendo suas próprias ideias, visões e sonhos. Esses cursos são extremamente importantes para a independência e autonomia das comunidades indígenas, tornando-as senhoras das suas próprias vozes e ecoando seus territórios”, afirma.

“Nós compartilhamos o que fazemos na comunicação do IPAM com os comunicadores indígenas da região, mas foi também uma oportunidade de troca com eles, que já atuam na área e possuem bastante experiência e conhecimento”, comenta Sara Leal, coordenadora de Comunicação do IPAM e uma das facilitadoras do curso.

O curso de comunicação foi apoiado pela iniciativa Proteja, por meio do Programa Proteja Educa, que tem como objetivo oferecer formação e ferramentas para que povos indígenas e comunidades tradicionais divulguem seu conhecimento e exponham sua realidade.



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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