Responsáveis por um terço das emissões de gases de efeito estufa no mundo, os sistemas alimentares foram tema do painel “Para além das florestas: sistemas alimentares e agricultura na Amazônia e as soluções climáticas baseadas na natureza”. As soluções para uma cadeia produtiva mais sustentável e a redução da vulnerabilidade dos produtores foram debatidos por cientistas e representantes do mercado agropecuário, neste domingo (10), no Espaço Brasil, na COP28, em Dubai.
Marcelo Britto, secretário-executivo do Consórcio da Amazônia Legal, enfatizou que os caminhos para que as ações repercutam no campo precisam se adequar ao novo contexto de território amazônico, que convive com cidades, degradação, em degradação, parcialmente florestada e muito florestada. “As soluções são muito diferentes. Não dá para pensar na reestruturação da Amazônia sem a pecuária, agricultura, mineração, restauração, industrialização. Veja que não é mais de cancelamento, mas um processo de rediscussão sobre o ponto de vista de maturidade, inteligência estratégica, de reposicionamento político de como a gente transforma esse ativo potencial na reinserção do Brasil na agenda internacional”, argumentou.
Ludmila Rattis, pesquisadora do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e do Woodwell Research Center, afirmou que, historicamente, há um avanço da produção em áreas de florestas, comprometendo a regulação do clima e a ocorrência de chuvas regulares. “Nestas áreas onde tem muita seca, há desintensificação da agricultura, abandono das áreas e queda de produtividade, principalmente em anos de El Niño, como este”, pontuou Rattis, complementando que a alternativa passa por soluções baseadas em natureza. “É essa floresta que os outros países não conservam que podem ser a fonte de soluções para nós”.
Representante do setor agropecuário, Caio Penido, presidente do IMAC (Instituto Mato-grossense da Carne), informou que a cadeia produtiva está ciente do desafio de se tornar ambientalmente responsável, mas que a discussão precisa de incentivos, estímulos, sem uma discussão polarizada, e com prioridade para a base da cadeia. “Temos que cuidar do pequeno produtor para inseri-lo nas grandes cadeias de modo que ele sempre esteja na legalidade. Senão, é excluído da cadeia, perde as chances de vender e vai para a ilegalidade. Um efeito colateral terrível”, disse Penido.