COP28: Justiça climática é tema do Pacto Global e pavilhão da África do Sul 

9 de dezembro de 2023 | Notícias

dez 9, 2023 | Notícias

Por Sara R. Leal*

A maioria da população global está situada em regiões já impactas pelas mudanças climáticas, segundo último relatório divulgado pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas): são aproximadamente 3,5 milhões de pessoas contra dois milhões de pessoas que vivem em regiões menos vulneráveis. Os dados foram apresentados por Patrícia Pinho, Diretora Adjunta de Pesquisa do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e uma das autoras brasileiras do relatório durante o painel do Pacto Global da ONU “o papel das empresas na transição climática justa”, realizado na COP28 em Dubai.

As regiões mais impactadas negativamente são também as que menos contribuem com o aumento das emissões de gases do efeito estufa. Segundo Pinho, justiça climática é uma lente que as empresas devem ter, reconhecendo que suas atividades que aumentam as emissões vão afetar diretamente essas pessoas, e atuar de forma a reduzir esses impactos, além de direcionar para uma transição.

Frineia Rezende, diretora executiva do The Nature Conservancy Brasil, também trouxe a necessidade de planos de adaptação para um mundo em constante mudança. “Anualmente, há cerda de 21 milhões de pessoas consideradas refugiadas ambientais, que precisam se deslocar para sítios resilientes. Isso afeta a pressão sobre a floresta, sobre a água dessas regiões. Mais que planos de mitigação, precisamos que as empresas criem planos de adaptação para evitar ainda mais desigualdade”, pontuou.

Head de Mudança Climática e Economia Circular da Natura (LATAM), Fernanda Facchini trouxe a experiência da organização, que além de ter um programa de carbono neutro, busca trabalhar com um processo colaborativo e inclusivo, com escuta ativa. “É preciso conversar com as famílias e cooperativas que fornecem os insumos, entender o que precisam. Nessa dinâmica, descobrimos por exemplo que era preciso compor a cesta de produtos, de modo que na época que não dá determinado fruto, possamos comprar outros”, relatou.

A vulnerabilidade está relacionada com o grau de exposição das populações, entre outras intersecções como gênero, raça, localização e desenvolvimento socioeconômico. “Os impactos das mudanças climáticas aumentam as desigualdades já presentes, colocando as pessoas ainda mais em situação de pobreza e gerando impactos múltiplos, tanto na saúde quanto no modo de vida, nas oportunidades econômicas, na segurança alimentar e hídrica”, explica a diretora adjunta.

Kamila Camilo, fundadora e diretora executiva do Creators Academy, acredita ser preciso criar espaços para que minorias participem do debate em torno das decisões sobre clima e meio ambiente. “Que tipo de ambiente podemos criar para manter mulheres e negros na sala?”, questiona.

União de países do sul global 

No painel “Ciência africana para a posição africana: a importância dos ambientes africanos na luta contra as alterações climáticas e a necessidade de mais conhecimento e colaboração entre Sul-Sul”, Patrícia Pinho falou sobre como os países do sul global, incluindo o Brasil, podem influenciar as decisões mundiais para que estas sejam justas e equitativas, contribuindo com a redução de riscos das mudanças climáticas nessas nações.

“O IPCC trouxe evidências da alta suscetibilidade e vulnerabilidade dos países do sul global perante as mudanças climáticas. É preciso fortalecer as vozes que são praticamente invisíveis dentro dos processos de discussão mundial e nas negociações da COP ”, afirmou.

O Acordo de Paris prevê a criação de uma “meta global de adaptação”, que represente um nível desejável de capacidade adaptativa e resiliência, e de redução de vulnerabilidade dos países à mudança do clima. Pinho reforça que o acordo está sendo bloqueado pelos países do norte global, que estão retirando compromissos, sobretudo financeiros, de aporte a países em desenvolvimento, que já haviam sido acordados.

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*Coordenadora de comunicação do IPAM



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