A 23 meses da COP30, em Belém, o Brasil desponta como principal ator para apresentar ao mundo um resultado de uma transição econômica da Amazônia, com setor produtivo mais engajado em mecanismos de proteção ambiental e num cenário de queda de desmatamento, por exemplo. O papel de liderança brasileira foi ressaltado, neste domingo (10), durante o side event oficial da COP28, em Dubai, intitulado “De Dubai a Belém, no coração da Amazônia: os caminhos do Brasil rumo à neutralidade climática”. O evento foi organizado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), CBDES (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) e IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores).
“A redução do desmatamento é o início de um novo ciclo de iniciativas que tragam desenvolvimento econômico, inclusão social e equilíbrio do clima para a Amazônia. Porém, se não houver políticas públicas estruturantes, governança estabelecida e legislação forte do Estado brasileiro, todas as conquistas são, infelizmente, fragilizadas”, enfatizou Eugênio Pantoja, diretor de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do IPAM, complementando que é preciso incluir nos debates de transição econômica, setores estratégicos como agricultura e pecuária.
Cálculo do IPAM revela que a transição econômica da Amazônia pode custar entre US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões – R$ 100 bilhões a R$ 150 bilhões – por ano pelos próximos dez anos. “As ações estão focadas em quatro pontos: intensificação da produção; destinação e consolidação das áreas protegidas; valorização dos serviços ambientais com pagamento direto aos produtores; e assistência técnica para diversos segmentos da cadeia produtiva”, enumerou.
Juliana Lopes, diretora de Natureza e Sociedade do CBDES, disse que as soluções climáticas nacionais serão norteadoras para o desenvolvimento da Amazônia. “O Brasil concentra 15% do sequestro de carbono na natureza. Esses investimentos nos colocaria rumo aos 1,5% de queda de temperatura global”, acredita. Para ela, o Brasil poderá liderar pelo exemplo e ajudar os outros países a encontrarem soluções baseadas na natureza.
O setor produtivo vê o atual momento do debate climático e o papel do Brasil como um momento histórico para se fazer algo, além de a COP 30 ser uma oportunidade para apresentar o lado positivo do que foi feito.
“Não podemos mais tolerar desmatamento, grilagem, mineração ilegal. Temos desafios, mas também temos oportunidades. Então é importante mostrar para o mundo, por meio das nossas lentes, sobre como nós vemos as oportunidades. Não podemos separar meio ambiente dos desafios sociais”, opinou Mariana Negrisoli, diretora geral da Suzano, empresa de papel e celulose.
Marcelo Britto, secretário executivo do Consórcio da Amazônia Legal, avaliou que o caminho de Dubai a Belém também trará uma perspectiva de discussão de temas que não tiveram o devido tratamento nas agendas das últimas COPs.“Finalmente vamos pousar na Amazônia. Vamos poder falar de natureza, pessoas, diversidade, água, a participação maior das mulheres e dos jovens, sobre assuntos que estão com o debate atrasado”, ponderou.
A COP de Belém será entre 10 e 21 de novembro de 2025. Em 2024, a Conferência do Clima deve ser em Baku, no Azerbaijão.