As terras indígenas concentram um terço da vegetação nativa da Amazônia, segundo estudo inédito divulgado nesta terça-feira (5), durante a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes. Os dados do MapBiomas, plataforma da qual o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) faz parte, foram divulgados durante o painel “Territórios Indígenas: segurança para o Planeta, lar para quem Protege”.
O papel estratégico dos povos indígenas para o combate do desmatamento e do enfrentamento da crise climática foi tema do evento, no dia dedicado pelo Espaço Brasil aos povos indígenas e populações tradicionais.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, destacou o papel do IPAM, que há anos apoia a presença de povos originários nas conferências de clima. “O mundo precisa entender o papel dos indígenas de conter as mudanças climáticas. Os líderes mundiais, os presidentes, os negociadores precisam entender isso. Precisamos falar mais, falar mais, falar mais”, afirmou a ministra.
Julia Shimbo, pesquisadora do IPAM e coordenadora científica da rede MapBiomas, traduziu em números a conclusão de que as terras indígenas são as que mais protegem o meio ambiente no Brasil: 19% dos 112 milhões de hectares de vegetação nativa estão dentro de territórios.
Nota Técnica do IPAM revelou que as Terras Indígenas também funcionam como “ar-condicionado” do Planeta e têm 2°C a menos de temperatura em comparação com áreas não protegidas.
“Se por um lado protege a vegetação nativa, por outro, é a que mais sofre ameaça. As áreas de garimpo dobraram nos últimos 10 anos, com 92% na Amazônia. E 63% dos garimpos dentro de territórios indígenas ocorreu nos últimos cinco anos. Além de outras ameaças, como obras de infraestrutura, houve a perda de superfície de água. Os países amazônicos perderam 1 milhão de hectares de superfície de água na última década, 56% em terras indígenas. Houve ainda o avanço do fogo”, afirmou Julia Shimbo. “Os territórios de povos originários mantêm as florestas e a vegetação nativa em pé, mas no contexto de mudanças climáticas, são eles que mais sofrem pelo cenário ter se agravado”.
As terras indígenas representam 105 milhões de hectares, o equivalente a 13% do território nacional, com 428 territórios. No entanto, apenas 8% dos povos que os habitam não têm posse plena. Além disso, 47% das terras ainda aguardam demarcação. “A gente precisa efetivar os territórios indígenas que existem para que os povos possam ter os direitos territoriais reconhecidos”, defendeu Joênia Wapychana, presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).
Participaram ainda do evento: Toya Manchineri, coordenador-geral da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) e Puyr Tembé, secretária de Povos Indígenas do Estado do Pará.
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