O Brasil ainda precisa dar grandes passos para adensar seu compromisso internacional de redução de gases estufa, entre eles ser mais ambicioso no controle do desmatamento e ampliar o diálogo entre diferentes políticas públicas nacionais. A análise foi apresentada pela pesquisadora do IPAM Fernanda Bortolotto no segundo dia da COP22 (22ª Conferência do Clima), que acontece em Marrakesh (Marrocos) até o dia 18.
Para o país atingir sua meta proposta para 2030, ou seja, reduzir suas emissões em 37% até 2025 e em 43% até 2030, em relação aos índices calculados de 2005, é preciso cumprir a promessa de zerar o desmatamento ilegal na Amazônia e mais. “Podemos zerar o desmatamento, tanto o ilegal quanto o legal, nesse bioma e levar essa discussão para os demais biomas brasileiros.”
“A questão da metodologia usada pelo Brasil para calcular suas emissões líquidas precisa ser revista em alguns pontos. Um exemplo é a indicação de que as áreas protegidas na Amazônia fariam a remoção de 6% do índice, mas temos indicações de que seu papel é muito maior”, explicou Bertolotto.
“Há outros desafios, por exemplo, de ordem política. O Programa ABC, pensado em promover práticas agrícolas de baixo carbono, é equivalente a apenas 2% do que é repassado pelo governo ao setor pelo Plano Safra. Contudo, só a agricultura representou 22% das emissões em 2015”, segundo dados do SEEG, disse a pesquisadora.
A análise faz parte da Plataforma Climática Latino-americana, que analisa os desafios da implantação das metas nacionais nesses países. “Apesar das particularidades de cada país, há similares de desafios, como a necessidade de mais transparência de informações e alinhamento de políticas”, disse o pesquisador Daniel Ryan, do Instituto Tecnológico de Buenos Aires, que fez uma análise das políticas da região. “Precisamos abrir essa caixa de Pandora que são as NDCs para saber exatamente como elas são construídas e para onde vão.”