CONSERV protege mais 8 mil hectares em propriedades privadas

18 de dezembro de 2025 | Notícias

dez 18, 2025 | Notícias

Por Sara Leal*

O CONSERV, mecanismo idealizado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) que remunera proprietários rurais para manterem o excedente de vegetação nativa, ultrapassou a meta prevista de hectares protegidos em sua segunda etapa.

Mais de 8 mil hectares, que poderiam ser desmatados legalmente, foram conservados desde julho de 2024. Os novos contratos foram firmados em Mato Grosso (Sapezal, Nova Maringá e Tangará da Serra) e no Maranhão (Balsas, Tasso Fragoso e Fortaleza dos Nogueiras).

Para participar do CONSERV, as propriedades passam por verificação de cumprimento à lei, como manutenção dos excedentes, de Reserva Legal e APPs (Áreas de Preservação Permanente), com monitoramento remoto contínuo e vistoria in loco. Uma plataforma da iniciativa está sendo desenvolvida para maior agilidade, segurança e transparência na gestão dos dados territoriais.

“Temos notado um aumento no interesse dos produtores rurais em incentivos financeiros de conservação, o que abre espaço para novos modelos de incentivo a médio prazo”, afirma Fernanda Xavier, coordenadora do IPAM em Mato Grosso. “Não houve desistência nem rejeições significativas neste período, o que demonstra a aderência dos participantes”, completa.

Ainda, pesquisas iniciais para coletar percepções dos participantes e indicadores do projeto sinalizam o investimento do recurso recebido pela iniciativa nas propriedades, como aquisição de bomba de água para caminhão-pipa, compra de mudas nativas para reflorestamento e melhoria das condições de alojamento para os funcionários.

“Mais do que conservar esses hectares, o CONSERV está conseguindo contribuir para uma mudança de paradigma onde produção e conservação não são opostas, mas podem e devem andar juntas. As plantações precisam de chuvas e do clima estável que a vegetação nativa proporciona”, explica André Guimarães, diretor executivo do IPAM.

Além de contribuir tecnicamente com iniciativas do governo brasileiro com base na experiência e conhecimento do CONSERV, o IPAM está desenvolvendo modelos de negócios baseados no mecanismo para que ele possa ganhar escala.

CONSERV

Lançado em 2020, o CONSERV coloca em prática um modelo de negócio eficiente e rentável para produtores, ao mesmo tempo em que identifica o esforço que esses atores desempenham na conservação.

Desenvolvido pelo IPAM em parceria com o Woodwell Climate Research Center e EDF (Environmental Defense Fund), a primeira fase do CONSERV teve apoio dos Países Baixos e da Noruega.

A segunda etapa de contratações tem apoio do SCF (Soft Commodities Forum) e Abiove. Ainda, a iniciativa contribui para as metas de conservação da Estratégia PCI (Produzir, Conservar e Incluir) no Estado de Mato Grosso, além de contar com a possibilidade de implementação de melhorias na propriedade por meio de assistência técnica fornecida pela iniciativa Produzindo Certo.

Desde 2020 – época das primeiras contratações – até 2025, o projeto chegou a 32 contratos firmados com proprietários rurais e empresas nos Estados de Mato Grosso, do Pará e do Maranhão. No total, mais de 28 mil hectares foram protegidos nos biomas Amazônia e Cerrado.

Após comprovar a tese de que é possível reduzir o desmatamento legal por meio de compensação financeira, o CONSERV se estabeleceu como um modelo seguro que pode ser escalonado.

*Coordenadora de Comunicação do IPAM

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