A retomada do protagonismo do Brasil na agenda climática global tem como elemento central a redução do desmatamento da Amazônia. A mensagem foi passada durante evento oficial com o tema: “O Brasil pode ser um líder global em clima novamente? O papel da Amazônia nas emissões líquidas zero do Brasil”, no plenário Tuthmose da COP-27, em Sharm-El-Sheik, no Egito. O evento foi organizado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Coalizão Brasil, Instituto Ethos, Arapyaú e NICFI (Norway’s International Climate & Forest Initiative).
A diretora de Ciência do IPAM, Ane Alencar, apresentou um panorama da destruição de florestas no país que apontou o Brasil como um vilão, mas também um potencial herói, quando se trata de emissões de gases do efeito estufa.
O Brasil aparece como quinto maior emissor do mundo, com praticamente metade das emissões brasileiras relacionadas ao uso da terra, especialmente ao desmatamento. Na Amazônia, esse índice chega a 91%, sendo mais de metade proveniente de terras públicas.
Por isso, políticas e ações voltadas para a redução do desmatamento ilegal, especialmente na Amazônia, poderiam mudar muito rapidamente o perfil e a quantidade de emissões brasileiras, possibilitando que o país volte a ser um dos que mais contribui para retirar carbono da atmosfera.
“O novo governo deve lutar contra o desmatamento criminoso na Amazônia por meio do desenvolvimento de uma legislação estratégica e pelo bloqueio de transações financeiras relacionadas a atividades ilegais, como o tráfico de drogas e a mineração ilegal, além de transformar as florestas públicas em áreas de conservação”, explica Ane. Para a cientista, há uma necessidade de consolidar áreas para indígenas e comunidades tradicionais, dedicar incentivos econômicos para conservar florestas públicas e privadas e fornecer assistência técnica para a produção sustentável e pequenos agricultores.
Deter o desmatamento é uma medida de consenso proposta pelos participantes. O governador do Pará, Helder Barbalho, propôs a utilização da floresta como um ativo ambiental, seja pela bioeconomia, pelos créditos de carbono ou por outros serviços ecossistêmicos remunerados e comemorou a volta do Brasil ao cenário das negociações climáticas.
Participaram ainda do evento, José Carlos da Fonseca, co-facilitador Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, que compôs a mesa como mediador; Andreas Dahl Jørgensen, diretor do NICFI, que celebrou a retomada do Fundo Amazônia; Marina Ferro, gerente executiva do Instituto Ethos; e Renata Piazon, do Instituto Arapyaú e secretária executiva da Uma Concertação pela Amazônia.