A agroindustrialização da agricultura familiar está tirando os produtos de pequenas vendas para ganhar escala de venda em supermercados, grandes feiras e até internacionalmente. O evento “Agroindustrialização na produção familiar: valorização da sociobioeconomia na transição climática”, da Semana do Clima da Amazônia, ocorrido nesta quarta-feira (16), em Belém (PA), jogou luz sobre a nova realidade de produtores rurais do Pará. A organização foi do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), da Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará) e da SEAF (Secretaria de Estado da Agricultura Familiar).
No Estado, em torno de 300 agroindústrias estão certificadas com o selo que assegura melhores práticas ambientais e qualidade na produção. Destas, aproximadamente 40 estabelecimentos rurais paraenses têm apoio estratégico do IPAM.
“Nós temos provocado outros Estados a terem legislações que permitam avançar nessa agenda de regularizar a indústria da agroindústria familiar, da agricultura familiar a ter a embalagem bonitinha, ter marca, ter identidade, poder botar seus produtos no supermercado, poder levar para grandes eventos de comercialização, grandes feiras. Por quê? Porque a gente produz com excelente qualidade”, enfatizou Lucimar de Souza, diretora de Desenvolvimento Territorial do IPAM.
Para Cássio Pereira, secretário de Agricultura Familiar do Pará, a agroindustrialização é um processo de valorização e reforço econômico para os agricultores familiares, diante de um cenário de emergência climática que já apresenta consequências com perdas de lavouras e faltas de chuva na produção.
“Do ponto de vista econômico, isso nos vulnerabiliza. Nós temos esse desafio. Não é fácil, claro. Mas a nossa convivência com essa nova situação das transições climáticas, nós estamos vivendo, aprendendo e precisando nos adaptar a essa situação”, pontuou.
A certificação garante que o produto como farinhas, molhos, açaí e chocolates, por exemplo, seja produzido respeitando critérios ambientais, sanitários e de qualidade.
Lucionila Pimentel, diretora de Defesa e Inspeção Vegetal da Adepará, afirma que a certificação tem mudado a realidade e é, cada vez mais, aceita pelos produtores.
“Então, de certa maneira, dá até um temor, quando a gente fala: tem que adequar seu estabelecimento técnica, higiênico, tecnológico e sanitáriamente. Mas o produtor começa a compreender e até atuar, nos mostrando propostas que a gente consegue adequar”, contou.
Entre os casos de sucesso está a produção do chocolate Cacau Xingu, de Brasil Novo (PA), da produtora rural Jiovana Lunelli. O produto foi o primeiro a obter o registro artesanal concedido pela Adepará. A certificação permitiu a exposição do chocolate no Fórum Mundial do Cacau, organizado pela World Cocoa Foundation, em São Paulo.
Esta atividade é um Evento Autogestionado da I Semana do Clima da Amazônia e integra a programação oficial do evento. Saiba mais em: semanadoclimaamazonia.com.br