O Brasil ainda é coadjuvante na exportação de produtos da Amazônia

16 de junho de 2021 | Notícias

jun 16, 2021 | Notícias

Tema discutido no último episódio do Webinário OCAA, potencial de empresas e de comunidades da região em fornecer artigos florestais ainda carece de fiscalização efetiva para impulsionar as saídas do país.

Em um mercado que movimenta mais de 23 bilhões de dólares por ano em exportação de produtos oriundos da floresta amazônica, a participação do Brasil nesse cenário é de apenas 0,01%. O dado foi citado pela pesquisadora de Manejo de Recursos Naturais da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) com foco em Cooperação e Relações Internacionais, Ana Euler, durante o OCAA Webinários, transmitido na última quinta-feira (10/6).

Com moderação da diretora do Cindes (Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento), Sandra Rios, o episódio Potencial Exportador de produtos florestais da Amazônia, realizado pelo OCAA (Observatório de Comércio e Ambiente na Amazônia), reuniu especialistas para debateram o estudo do professor associado da Universidade de Nova York Salo Coslovsky: Oportunidades para Exportação de Produtos Compatíveis com a Floresta na Amazônia Brasileira.

Coslovsky destacou que o Brasil possui grande potencial  de produção e de exportação de mercadorias  florestais, além de contar com saídas para o mar e com uma vasta extensão territorial. Contudo, a fiscalização sanitária dos produtos enviados à União Europeia e aos Estados Unidos, por exemplo, ainda é precária.

Consenso entre os especialistas presentes no evento, países europeus acabam excluindo o Brasil do posto de principal fornecedor de produtos tropicais devido a um baixo padrão de armazenamento e de envio.  A dificuldade em certificar a qualidade dos insumos leva o mercado brasileiro a representar um papel coadjuvante em um cenário que deveria liderar.

Deficiências na gestão

Euler ressaltou que há um déficit no assessoramento de gestão capaz de ajudar a trilhar um melhor caminho para a exportação de produtos provenientes da Amazônia. “A busca de integração com os mercados da produção amazônica com a de mercados internacionais também passa por uma questão estrutural de inclusão digital”, afirmou a pesquisadora ao reforçar a inclusão dos novos produtores rurais em recursos digitais.

O diretor de sourcing e membro do Conselho de Administração da Frooty Açaí, Carlos Brito, alertou que existe uma carência na fiscalização dos produtos e que a informalidade é algo ainda gritante, tanto no estado do Pará como na Amazônia. “Acredito que temos um dever de casa muito grande”, reforçou.

Segundo o assessor técnico para planejamento e gestão do Projeto Sustentabilidade e Criação de Valor em Cadeias Agrícolas da GIZ (Agência Alemã de Cooperação Internacional), André Machado, há uma deficiência em ações de políticas públicas para auxiliar pequenos produtores na exportação e no melhor manuseio de seus insumos.

“Precisamos entender qual é o modelo de negócio, qual o apoio e a gestão. É necessário auxiliar as instituições de gestão. (…) Mas não só do ponto de vista agrícola ou de produção primária, mas de gestão de pós colheita, de engenharia de alimentos, de agroindustrialização e de comercialização”, explica Machado. “Em uma visão de mais longo prazo, trabalhar na formação profissional na Amazônia talvez seja uma forma de dialogar com os jovens”, complementa.

Os convidados concluíram que deve haver uma parceria entre produtores, gestores, governo e grandes e pequenas empresas, para que o desenvolvimento e a gestão de produção de artigos florestais da Amazônia possam acompanhar o avanço econômico global e, assim, ocupar a posição de destaque.

Sobre o OCAA

Idealizado por quatro organizações da sociedade civil – IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Cindes (Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento), iCS (Instituto Clima e Sociedade) e Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) – o OCAA é uma plataforma que reúne informações qualificadas sobre as relações entre comércio internacional e meio ambiente na Amazônia, estimulando o diálogo embasado na ciência e o engajamento de diversos atores da sociedade.

O portal oferece um acervo de publicações, análises e notícias selecionadas, bem como a oportunidade de acompanhar e participar de debates especializados, de modo a contribuir para a prosperidade socioeconômica e ambiental.

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