Belém do Pará, Amazônia. Este é o lugar que receberá a Conferência do Clima das Nações Unidas daqui a pouco mais de três meses. Uma cidade com problemas reais, dignos das múltiplas realidades em que vivemos no Sul Global, no Brasil e na região amazônica ‒ essa mesma da qual todos adoram falar, mas poucos se dispõem a ver e viver.
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima anunciou a capital paraense como sede da COP30 em um movimento inovador, um aceno à centralização das discussões naquela que está há bastante tempo no cerne de todas elas: a Amazônia.
Lar de 25 milhões de brasileiros, incluindo mais de 180 povos indígenas, a maior floresta tropical do mundo abriga cerca de 10% da biodiversidade do planeta. É fonte de água, alimento e renda não só para seus povos, mas para todo o continente.
Sai da Amazônia a chuva que irriga as plantações Brasil afora, também a ciência e a sabedoria que oferecem à Terra uma alternativa. É com essa Amazônia íntegra e pulsante que está a nossa chance de cumprir o Acordo de Paris.
Mas por que questionar a realização de uma COP em Belém trazendo como principal argumento as dificuldades logísticas? COPs passadas, sediadas em lugares como Dubai ou em capitais europeias, talvez tenham deixado uma impressão fantasiosa da reunião. Estamos aqui para falar sobre a realidade e é preciso abrir mão de experiências passadas para seguir em frente. Na Amazônia, não há cenários artificiais.
Se em Dubai táxis chegavam a custar 800 reais; se em Sharm-El-Sheikh hotéis eram cancelados com hóspedes à porta; se em Glasgow grupos ficavam acomodados em trailers a mais de uma hora do local do evento; e se em Madrid não havia alimentação acessível… conclui-se o desafio como rotina em um evento como este.
Belém está pronta para discutir respostas pé no chão à emergência do clima e para inspirar o mundo com a realidade que só os povos e as paisagens amazônidas podem revelar. Está a postos para receber as delegações internacionais, seguindo as diversas soluções de hospedagem, com uma das culinárias mais notáveis que nosso país pode oferecer, além de cultura rica e diversa como a própria Amazônia.
É hora de abraçarmos Belém e nos unirmos em um mutirão nacional. Vamos dar espaço para as pautas que tratam da nossa sobrevivência e falar do que é possível implementar no presente para garantir o futuro. Não há tempo para discussões menos importantes.
Belém soma esforços e recursos para receber a todos. Façamos um favor ao Brasil e aos brasileiros da Amazônia: que seja reconhecido, de uma vez por todas, o seu protagonismo na pauta climática global.
