Alerta Clima Indígena lança versão 4.0 para proteção de terras indígenas

18 de outubro de 2021 | Notícias

out 18, 2021 | Notícias

Com lançamento marcado para quinta-feira (21/10), a versão 4.0 do aplicativo de celular Alerta Clima Indígena (ACI), disponível para Android e iOS, traz novos recursos para auxiliar na gestão ambiental e territorial de terras indígenas (TIs) da Amazônia brasileira. A iniciativa é desenvolvida pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), em parceria com o Conselho Indígena de Roraima (CIR), a COCALITIA (Comissão de Caciques e Lideranças da Terra Indígena Arariboia) e o Instituto Raoni.

Criado em 2017, o ACI já registra quase dois mil alertas realizados pelos próprios usuários que vivem em territórios indígenas, indicando locais de desmatamento e/ou focos de incêndio encontrados nas proximidades. As informações podem ser inseridas no aplicativo por meio de fotos, textos e áudios, sem necessidade de internet.

Na versão 4.0 há novas funções como localização, gravação de trajetos e de medida para áreas e distâncias. Além disso, é possível que os usuários criem seus próprios alertas nos territórios e registrem locais de aldeia e de usos tradicionais como roça, pesca, caça, e coleta de frutas e sementes.

“O ACI é um instrumento que está à disposição para fortalecer o conhecimento sobre territórios indígenas e sobre as violações que neles ocorrem, colocando a informação na palma da mão dos povos indígenas da Amazônia brasileira”, diz Martha Fellows, pesquisadora e ponto focal da agenda indígena no IPAM.

Ameaças visíveis

Entre 2019 e 2020 foram registrados mais de 14 mil focos de calor e cerca de 64,4 mil hectares desmatados em TIs da Amazônia Legal, segundo o MapBiomas. A região abriga 385 territórios e 3% desse total concentrou 50% do fogo e 70% do desmatamento relacionados a atividades ilegais de agentes externos em 2020.

“É muito importante a gente ter o ACI para fazer o monitoramento em tempo real e diminuir as queimadas. Só em 2015 calculamos mais de 30% da nossa terra indígena queimada”, afirma José Edivaldo Rodrigues Guajajara, coordenador da COCALITIA na Terra Indígena Araribóia, localizada na Amazônia Legal no estado de Maranhão. “Realizando oficinas e treinamentos para capacitar cada vez mais pessoas a usar o aplicativo, damos continuidade ao trabalho conjunto entre as organizações, as comunidades e os guardiões da terra para proteger o território”, complementa.

Com o objetivo de oferecer maior precisão, o ACI utiliza dados do sistema Deter/Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e da Nasa, a Agência Espacial dos Estados Unidos. Por meio dessas fontes, os alertas de desmatamento e de focos de incêndio para cada TI da Amazônia brasileira são mostrados no mapa em tempo real.

Mudanças climáticas

A proposta do aplicativo ao conectar povos indígenas com informações detalhadas sobre clima e violações em seus territórios é contribuir para a mitigação das mudanças climáticas a partir da preservação das terras indígenas. “As mudanças climáticas já são uma realidade e salvaguardar as terras indígenas é parte da resposta para conseguirmos proteger o planeta”, explica Martha. Segundo o MapBiomas – Coleção 6, terras indígenas são as que mais conservaram vegetação nativa nas últimas três décadas no Brasil.

O lançamento da nova versão do aplicativo Alerta Clima Indígena ocorre virtualmente no dia 21 de outubro, das 16h30 às 18h (horário de Brasília), com transmissão ao vivo em português pelo YouTube e com tradução para espanhol via Zoom (senha de acesso: aci4).

Participam do evento a diretora de Ciência no IPAM, Ane Alencar; o brigadista indígena e responsável pelo monitoramento territorial no Instituto Raoni, Roiti Metuktire; e a coordenadora do Departamento Gestão Ambiental no CIR (Conselho Indígena de Roraima), Sineia do Vale.

Sobre o Alerta Clima Indígena

Essa iniciativa é realizada pelo IPAM no âmbito do projeto Amazônia Indígena Direitos e Recursos com o apoio do WWF (World Wide Fund for Nature) e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

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