Por Sara Leal*
O CONSERV, mecanismo que compensa financeiramente médios e grandes produtores rurais por manterem o excedente de vegetação nativa em suas propriedades, inicia uma nova fase de contratações no oeste do Mato Grosso e no Maranhão. Além da remuneração, esta segunda etapa do mecanismo prevê ATER (Assistência Técnica Rural) para apoiar boas práticas no uso da terra e melhorias para aumento da produtividade.
Serão protegidos mais sete mil hectares de vegetação nativa excedente e os serviços ecossistêmicos prestados por ela – cerca de 4.000 ha no Oeste de Mato Grosso e 3.000 no Maranhão. Ainda, 114 mil ha serão acompanhados para melhoramento da produção agrícola em Mato Grosso.
Considerada uma ação coletiva inovadora para o agronegócio em nível de paisagem, a iniciativa é uma parceria entre o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), a Produzindo Certo e o Instituto PCI (Produzir, Conservar e Incluir), do Governo do Mato Grosso, com apoio do SCF (Soft Commodities Forum)/Abiove.
“O CONSERV está crescendo alinhado ao objetivo de preservar mais e produzir mais. Nesta nova fase, trabalhamos a propriedade como um todo: cumprimento do Código Florestal Brasileiro, compensação e incentivo para a manutenção da vegetação que poderia ser desmatada legalmente e apoio às práticas de agricultura regenerativa”, afirma André Guimarães, diretor executivo do IPAM.
Cada etapa do processo produtivo é acompanhada pela assistência técnica oferecida pela Produzindo Certo, que orienta os produtores a adotarem práticas mais eficientes, sustentáveis e tecnológicas, com soluções personalizadas que otimizam o uso de recursos, como solo e água, e reduzem desperdícios.
“Ainda, o produtor se beneficia de uma série de outras vantagens. Um exemplo é a certificação de soja sustentável, que abre portas para mercados mais exigentes, com prêmios financeiros pela produção responsável e melhoria da reputação perante clientes e parceiros”, explica Charton Locks, diretor de operações da Produzindo Certo.
Além de fortalecer o setor agrário com incentivo às práticas sustentáveis de produção, o CONSERV contribui com as metas estaduais para a redução de emissão dos gases do efeito estufa. “Uma das metas da estratégia PCI é de conservar 1 milhão de hectares dos excedentes de Reserva Legal por meio de incentivos financeiros para reduzir o desmatamento legal em Mato Grosso. O CONSERV é, atualmente, a única iniciativa no Estado que contribui diretamente para essa meta”, diz Richard Smith, diretor executivo do Instituto PCI.
O CONSERV acontece em sinergia com outras iniciativas apoiadas pelo IPAM no corredor oeste de Mato Grosso, em busca de promover uma paisagem sustentável e inteligente para o clima. A associação de um modelo de governança proativa com parcerias institucionais e abordagens que olham para a paisagem como um todo vêm gerando resultados positivos no território.
“Estamos engajados com pequenos, médios e grandes produtores em um esforço conjunto que traga impacto para uma produção sustentável e um país que cumpra com as metas climáticas globais”, aponta Guimarães.
CONSERV
O CONSERV é uma iniciativa desenvolvida e executada pelo IPAM. A primeira etapa do projeto possui 23 contratos firmados nos Estados de Mato Grosso Pará, somando 20.707 hectares de vegetação protegida que poderia ser legalmente suprimida.
*Coordenadora de Comunicação do IPAM, sara.pereira@ipam.org.br