Por Lucas Guaraldo*
A Agenda de Ação, iniciativa que reforça a mobilização de esforços climáticos voluntários unindo os setores público e privado, foi o foco do segundo dia da Pré-COP. O evento reuniu ministros e negociadores para construir consensos e adiantar os principais temas da COP30, que será realizada em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro.
Criada pela presidência da COP30, a iniciativa tem como objetivo mobilizar ações climáticas da sociedade civil, empresas, investidores e outros grupos que não integram o processo de negociação formal das Nações Unidas, intensificando os esforços de adaptação e mitigação, reduzindo emissões e promovendo alternativas aos combustíveis fósseis.
“A gente sabe que é preciso aumentar a ambição e fazer mais do que os países se comprometeram com suas NDCs. Esta é a hora de o setor privado, o setor financeiro e a sociedade civil se apresentarem e mudarem seus padrões. Tivemos uma reunião agora entre os enviados e os campeões de alto nível da COP que foi muito importante para ver como essa iniciativa está conseguindo impulsionar diversas ações e criar um ambiente positivo de construção coletiva”, destacou André Guimarães, diretor-executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e enviado especial da Sociedade Civil para a COP30.
A agenda está estruturada em cinco eixos temáticos principais: transição energética, gestão sustentável de florestas, adaptação da agricultura, cidades resilientes e desenvolvimento humano. Há ainda um eixo transversal voltado ao financiamento e à aceleração de projetos.
Mudanças concretas e práticas
Para Dan Ioschpe, campeão de alto nível da COP30, a Agenda de Ação busca colocar em prática os acordos negociados, criando caminhos para a participação efetiva do setor privado nas políticas de combate às mudanças climáticas e impulsionando novos mercados e oportunidades de negócio. Ao todo, a iniciativa acompanha mais de 400 ações voluntárias em todo o planeta, com o objetivo de aferir o ritmo em que a sociedade avança rumo às metas de combate à emergência climática ao longo dos anos.
“O que buscamos é chegar o mais perto possível da tangibilidade e mostrar como essas soluções podem ser efetivamente implementadas. O mercado hoje entende que ficar fora dessa agenda é, além de perder uma oportunidade, se colocar em risco do ponto de vista competitivo”, destacou o empresário.
Por se tratarem de representantes da sociedade civil, os atores da Agenda de Ação não têm poder de voto nas decisões da COP30. Sua participação em iniciativas de mitigação e adaptação, no entanto, dispensa processos de negociação e pode ser implementada de forma direta e voluntária, o que torna esses grupos essenciais para mudanças rápidas nos sistemas de produção e financiamento.
Carta da presidência
A Agenda de Ação já havia sido tema central da quarta carta de André Corrêa do Lago, presidente da COP30, publicada em junho deste ano. Nela, o embaixador defende a ampliação dos esforços coletivos, incluindo atores de diferentes mercados, como forma de aumentar a mitigação das mudanças climáticas e reduzir a distância entre as metas atuais e o necessário para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C.
“Como observei em minhas cartas anteriores, apesar das notáveis conquistas e avanços, ainda estamos fora da trajetória para atingir os objetivos do Acordo de Paris. Para corrigir a rota, o mundo precisa aumentar exponencialmente a escala e a velocidade desses esforços, de forma a cumprir os compromissos que assumimos”, escreveu André.
O presidente também destacou em sua carta o uso do Global Stocktake como métrica para acompanhar o sucesso ou o descompasso das iniciativas existentes, e reforçou a importância do engajamento da sociedade civil e do mercado financeiro para garantir um clima de “motivação coletiva” nas negociações.
Jornalista do IPAM, lucas.itaborahy@ipam.org.br*


