Por Sara Leal*
Em entrevista à Um Grau e Meio, Débora Fiametti, presidente da COOPERSAF (Cooperativa Solidária da Agricultura Familiar), fala sobre o protagonismo das mulheres na Rede Sementes Portal da Amazônia, em Mato Grosso.
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Como se deu o surgimento da COOPERSAF?
A cooperativa nasceu de uma estratégia relacionada à necessidade da Rede de Sementes se formalizar enquanto empreendimento para comercializar sementes florestais.
Atuamos dentro de nove municípios no território Portal da Amazônia, em Mato Grosso: Apiacás, Alta Floresta, Carlinda, Colíder, Nova Canaã do Norte, Nova Guarita, Terra Nova do Norte, Peixoto de Azevedo e Novo Mundo.
Como é o trabalho da Rede de Sementes?
Funciona como uma ferramenta de potencializar a geração de renda para as comunidades. Fornece suporte técnico aos cooperados, acompanha a atuação dos grupos e desenvolve capacitações, tanto em âmbito coletivo quanto individual, sobre coleta, beneficiamento, armazenamento, identificação de matrizes. Tem uma lista de coleta de mais de 100 espécies de sementes florestais.
A maior parte dos cooperados são mulheres, com alguns grupos constituídos apenas por elas. O olhar para a questão de gênero é muito importante nesse processo, porque traz a mulher como protagonista na parte de gestão e coleta.
O que explicaria a maior quantidade de mulheres cooperadas?
Geralmente o homem sai para trabalhar e a mulher fica na propriedade exercendo várias funções. A coleta de sementes surge como uma maneira acessível de ela contribuir com a renda da família e ter mais autonomia.
A questão de gênero é uma discussão nova e recente dentro da cooperativa, embora o número de mulheres sempre tenha sido significativo no quadro de cooperados. Faz três anos que a COOPERSAF está construída por um quadro diretivo de mulheres.
A partir daí, a discussão sobre gênero se intensificou e, com ela, o fortalecimento e participação das mulheres dentro dos espaços de capacitação da Rede e da Cooperativa.
Qual é o papel dessas mulheres na coleta de sementes?
Hoje elas atuam dentro de toda cadeia, desde a coleta até o beneficiamento. A Rede de Sementes e a Cooperativa não trabalham só a parte de comercialização. Há também a parte de gestão, a questão social e ambiental, e essas mulheres estão envolvidas em todas essas fases, desempenhando um papel crucial, principalmente na parte de gestão dos grupos.
Sabemos que estamos em um cenário ambiental extremamente desafiador. A coleta de sementes é um papel social, ambiental e de mobilização dessas comunidades. Hoje, o coletor e a coletora são guardiões da floresta. Eles que estão ali, todos os dias, coletando, beneficiando essas sementes.
*Coordenadora de Comunicação do IPAM, sara.pereira@ipam.org.br