A Amazônia brasileira é severamente impactada por eventos climáticos extremos, com 1,8 milhão de pessoas (6,4% da população da Amazônia brasileira) afetadas por desastres relacionados ao clima a cada ano entre 2018 e 2022. No entanto, como os desastres climáticos afetam especificamente as populações humanas em diferentes municípios da Amazônia ainda é pouco explorado. Nosso objetivo é preencher essa lacuna, apresentando uma avaliação espaço-temporal de desastres relacionados ao clima e vulnerabilidade social em toda a Amazônia brasileira no período de 2000 a 2022, considerando enchentes, secas, ondas de calor, incêndios e deslizamentos, utilizando uma perspectiva de risco composto. A análise de dados secundários mostra que a frequência de desastres aumentou, com eventos úmidos crescendo cinco vezes, incêndios dez vezes, e secas e ondas de calor triplicando. As perdas econômicas aumentaram 370%, alcançando US$ 634,2 milhões anuais, sendo os eventos úmidos os mais danosos.
A agricultura respondeu por mais de 60% do total de perdas, seguida pela infraestrutura, habitação e serviços de saúde. Municípios menores, que hospedam 61% da população. A população indígena da região sofreu os maiores impactos relativos, incluindo uma perda de 9,58% no crescimento econômico e menores pontuações no Índice de Progresso Social. Dados sobre perdas e danos não econômicos eram escassos, mas agravaram ainda mais os impactos nessas áreas vulneráveis. Os achados ressaltam que as mudanças climáticas são um multiplicador da pobreza e destacam a necessidade urgente de que as políticas de adaptação sejam centradas na justiça.