Dia do IPAM na Casa Balaio reúne ciência, cultura, Amazônia e Cerrado 

13 de novembro de 2025 | COP30, Notícias

nov 13, 2025 | COP30, Notícias

Nesta quinta-feira (13), a Casa Balaio, casarão histórico de Belém, recebeu uma série de eventos paralelos promovidos pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).

Florestas Públicas 

O painel “Territórios Emergentes: Florestas Públicas Não Destinadas” reuniu especialistas e lideranças de povos e comunidades tradicionais que demonstraram como a alocação dessas áreas é uma das estratégias de grande escala que mais podem contribuir para a ação climática e para o cumprimento das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) e do Acordo de Paris.

“Há diversas comunidades tradicionais, povos indígenas, populações extrativistas vivendo nessas florestas públicas. Caso sejam designadas a algum tipo de categoria, teremos uma redução de 40% do desmatamento na Amazônia”, apontou Rebecca Guimarães, pesquisadora do IPAM.

Adaptação e resiliência climática 

No painel “Enraizamento apesar da incerteza: imobilidade em um clima em mudança”, Patricia Pinho, diretora adjunta de Pesquisa do IPAM, apresentou estudo de caso realizado na região costeira da amazônica. Os resultados mostram que 90% das pessoas consultadas preferem ficar em seus territórios, apesar dos riscos climáticos que afetam a região.

Pinho afirmou, ainda, que as mudanças no clima afetam homens e mulheres de maneiras diferentes. “Os homens estão mais preocupados com o impacto das mudanças climáticas sobre os bens materiais e uma possível crise econômica. Já a maioria das mulheres com as quais conversamos estão preocupadas com o futuro, com o que vai acontecer com sua família ou com o senso de pertencimento à comunidade”.

Ângela Lopes de Jesus, Presidente da FETAGRI-PA (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará), trouxe a realidade das pescadoras da região. “Devido às mudanças climáticas, elas já não encontram as mesmas espécies de peixes e nem a mesma quantidade. Algumas acabam migrando, pois não encontram mais perspectivas e possibilidade de sobrevivência”, afirmou.

No painel “Cidades Integradas e Resilientes – Conexões do Sul Global”, Ludmila Rattis, pesquisadora do IPAM e do Centro de Pesquisa em Clima Woodwell, apresentou dados que mostram como os impactos do aquecimento global podem resultar em redução de precipitação [chuvas], a longo prazo, e no aumento da temperatura do fogo. “Se continuarmos jogando gases de efeito estufa na atmosfera, como a então exploração na Foz do Amazonas, será crítico para cidades como Belém”, disse Rattis.

Frances Seymour, pesquisadora associada ao IPAM e ao Woodwell, explicou que árvores são máquinas geradoras de chuva, por meio da evapotranspiração e da liberação de aerossóis, processos químicos complexos na atmosfera. Segundo ela, medidas estaduais de conservação e restauração podem ser sentidas de forma relativamente imediata e significativa.

Cerrado em destaque 

Ciclistas da TransCerrado compartilharam suas experiências em duas rodas durante as cinco edições da expedição científica pela conservação do bioma. “Não é só sobre a escassez de recursos do bioma – a cultura cerratense também está se perdendo. No caminho, foi possível perceber a evasão das comunidades tradicionais da cidade. Lembro de ver escolas com capacidade para 150 alunos com 2 alunos. Isso porque o restante deles foi para outras cidades buscar oportunidades”, compartilhou Paulo Moutinho, pesquisador sênior do IPAM, sobre a edição de 2025.

O evento “Amazônia e Cerrado conectados pela água” ressaltou o papel do Cerrado para o abastecimento hídrico de todo o país. “Ele tem uma tecnologia excelente para pegar água da atmosfera, armazenar no solo profundo e essa água ficar disponível nos tempos de seca. De onde vem a água quando não está chovendo? Do subsolo do Cerrado. Mas isso está se perdendo com o desmatamento – a área desmatada na parte brasileira do bioma é equivalente ao tamanho do Chile”, explicou Yuri Salmona, diretor do Instituto Cerrados, parceira do evento junto à Rede Cerrados e ao ISPN (Instituto Sociedade População e Natureza).

Cine IPAM 

Uma seção de cinema especial foi realizada ao final do dia com a exibição do filme “O Chamado do Cacique Raoni: Herança, Terra e Futuro”. O documentário destaca a trajetória do cacique Raoni Metuktire na luta pelos direitos humanos e pela conservação do meio ambiente, evidenciando a importância do diálogo entre os povos indígenas e a sociedade não indígena. “Trata-se de uma homenagem ao Cacique Raoni, aos povos indígenas e ao conhecimento e ciência desses povos”, afirmou Lucas Ramos, diretor da produção.



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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