Presidência da COP destaca adaptação como novo passo da evolução

24 de outubro de 2025 | COP30, Notícias

out 24, 2025 | COP30, Notícias

Por Lucas Guaraldo*

Em nova carta divulgada nesta quinta-feira (23), o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, alertou para a urgência dos esforços em torno da adaptação climática e destacou a capacidade humana de inovação como elemento essencial no enfrentamento da crise climática.

“À medida que a era dos alertas dá lugar à era das consequências, a humanidade se depara com uma verdade profunda: a adaptação climática deixou de ser uma escolha que sucede à mitigação; ela é a primeira parte de nossa sobrevivência. Em cada momento decisivo de nossa evolução, nossa espécie conquistou seu lugar neste planeta por meio da adaptação – aprendendo, inovando e transformando as próprias condições da vida”, escreve Corrêa do Lago.

Para André Guimarães, diretor executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e Enviado Especial da Sociedade Civil para a COP30, a carta reforça a mensagem central da Conferência de Belém: esperança e diálogo para que as mudanças mais urgentes avancem de forma ampla.

“Belém deve ser um convite a todos para que possamos dar um passo adiante enquanto espécie. É hora de encontrar novos caminhos e reforçar os laços que nos levarão a um mundo mais justo e sustentável, abandonando práticas ultrapassadas e insustentáveis”, afirma Guimarães.

Justiça climática

 

Segundo Corrêa do Lago, Belém também tem o dever de agir para proteger os mais afetados pelas mudanças climáticas e de mobilizar esforços para corrigir injustiças e catástrofes agravadas pela crise.

“Sem adaptação, a mudança do clima se torna um multiplicador da pobreza, destruindo meios de subsistência, deslocando trabalhadores e aprofundando a fome. À medida que os impactos se intensificam, a inação não representa uma falha técnica, mas uma escolha política sobre quem vive e quem morre. Como formuladores de políticas e atores políticos, não somos menos responsáveis por atos de omissão”, afirma o presidente da COP30.

A carta também declara que todas as ações e objetivos da conferência devem levar em conta a adaptação, ressaltando que essa agenda impacta diretamente todos os aspectos econômicos e humanitários do planeta.

“Do objetivo último da Convenção ao objetivo de longo prazo do Acordo de Paris quanto à resiliência, do Objetivo Global de Adaptação aos Planos Nacionais de Adaptação, a COP30 deve ser a COP da adaptação. Ambição e ação em adaptação serão essenciais para que, em Belém, possamos avançar em três prioridades: fortalecer o multilateralismo; aproximar o regime climático da vida cotidiana das pessoas; e acelerar a implementação climática”, conclui Corrêa do Lago.

Nova era da adaptação

 

Um dos principais mecanismos reforçados pela presidência brasileira da COP30 para fortalecer a adaptação climática no planeta são os NAPs (Planos Nacionais de Adaptação), instrumentos previstos no Acordo de Paris que buscam reduzir a vulnerabilidade aos impactos das mudanças climáticas.

Até o final de setembro, 144 países em desenvolvimento já haviam publicado seus Planos Nacionais de Adaptação, e 67 países em desenvolvimento – incluindo 23 Países Menos Desenvolvidos e 14 Pequenos Estados Insulares – haviam submetido seus planos à UNFCCC, junto com 11 países desenvolvidos.

Ainda, de acordo com policy brief elaborado por pesquisadoras do IPAM, Proteger e adaptar os povos e comunidades amazônicas vulneráveis às mudanças climáticas, embora custoso, é a forma mais econômica de evitar o colapso ambiental e de proteger o Brasil de perdas ainda maiores decorrentes da crise climática. Apenas na Amazônia, as perdas econômicas ao longo dos 30 anos seguintes ao ponto de inflexão – momento em que a floresta não conseguirá se sustentar e entrará em colapso – podem chegar a 3,5 trilhões de dólares.

“Para além das negociações, a Agenda de Ação Climática da COP30 deve apresentar soluções concretas, para que Belém também seja lembrada como a COP da implementação, da adaptação. Convidamos todas as iniciativas a trazer suas melhores soluções e o mais alto nível de ambição para preencher lacunas em políticas e práticas – por exemplo, em saúde, segurança alimentar, gestão da água, financiamento para adaptação, cidades e regiões, infraestrutura, micro e pequenas empresas, entre outros”, finaliza o presidente da COP30.

Jornalista do IPAM, lucas.itaborahy@ipam.org.br*

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