Exploração de petróleo na foz do rio Amazonas exige debate público

7 de outubro de 2025 | Notícias

out 7, 2025 | Notícias

No debate em torno da exploração de petróleo na Foz da Amazônia, chama a atenção a ausência da opinião da sociedade brasileira. Durante o painel Transição Energética e o Desafio da Margem Equatorial, do 3° Fórum da Amazônia, em Belém (PA), André Guimarães, diretor executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), enfatizou que os danos da decisão não estão sendo mensurados e as alternativas sustentáveis como, por exemplo, a substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis, sequer tem sido colocado na mesa de negociação.

“Não quero acreditar que estamos debatendo ampliar a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, colocar mais carbono na atmosfera, colocar em risco a atividade principal de exportação e geração de emprego do país, que é o agronegócio, e ainda comprometer a própria floresta amazônica com aumento de temperatura, diminuição de umidade e seca”, pontuou. “Nós devíamos estar discutindo de forma mais aprofundada essas questões. A sociedade brasileira ainda não está participando dessa discussão”.

Anfitriã do evento, a cantora Fafá de Belém – embaixadora do IPAM, defendeu a proteção e compensação, sobretudo para os amazônidas, que serão os mais impactados com a exploração de petróleo.

“Temos que parar para pensar no que é fundamental agora: que toda a riqueza e os ganhos voltem para ser aplicados na nossa terra”, defendeu.

Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, ponderou que, mesmo autorizada agora, a exploração de petróleo deve começar, efetivamente, em 10 a 15 anos, mas que a decisão de hoje tende a se agravar com as mudanças climáticas.

“A própria Agência Internacional de Energia fala que após 2030 vai começar a reduzir a demanda por petróleo no mundo. Então é uma questão de cronograma e realmente uma demanda. Os combustíveis fósseis são o principal vilão do aquecimento global e a Amazônia não precisa tomar esse caminho”, afirmou.

A troca da matriz energética de petróleo para biocombustíveis tende a promover inclusão de povos e comunidades tradicionais, segundo Eliane Cabeza, da Agência de Regulação do Estado do Pará.

“É envolver os indígenas, os quilombolas, os extrativistas, os ribeirinhos. Com os saberes tradicionais e ancestrais, eles conseguem manipular, fazer a extração dessa matéria-prima, da biomassa, sem agredir a biodiversidade. Produzir uma energia limpa e, ao mesmo tempo, ajudar a contribuir com o alcance dos compromissos climáticos globais que o Brasil assumiu”, avaliou.

Alex Carvalho, presidente da Fiepa (Federação das Indústrias do Estado do Pará), vê a exploração de petróleo na foz do Amazonas como oportunidade para gerar 59 mil empregos  e uma arrecadação de 10,7 bilhões de reais ao Estado.

“Nós queremos a nossa gente olhando o olho de qualquer pessoa do Brasil, do mundo afora, e que tenha coragem de dizer sim às atividades econômicas, que respeitam a lei, que cumprem o papel ambiental, mas que tem, acima de tudo, compromisso socioeconômico”, argumentou.

O debate foi mediado por Eugênio Pantoja, gerente de performance social da Hydro.



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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