Cojovem mobiliza juventudes amazônidas para transformar crise climática em ação

22 de setembro de 2025 | Notícias, Um Grau e Meio

set 22, 2025 | Notícias, Um Grau e Meio

Suellen Nunes*

A emergência climática atinge diretamente a saúde mental das juventudes que vivem e lutam por seus territórios. Segundo dados preliminares da pesquisa “Fala Juventudes da Amazônia”, promovida ao longo de 2025 pela COJOVEM (Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável), 61,62% dos jovens da Amazônia Legal relatam sentir, com alguma frequência, ansiedade ou preocupação em relação às mudanças climáticas.

Criado em 2020, o Instituto COJOVEM é uma organização da sociedade civil que atua pela garantia dos direitos socioambientais das juventudes amazônidas. O estudo completo será lançado oficialmente durante a COP30, no espaço FreeZone, que será realizado na Praça da Bandeira, no centro de Belém, de 9 a 21 de novembro de 2025 em Belém. A pesquisa revela não apenas a percepção ambiental dos jovens, mas também os impactos emocionais de lidar com cenários de desastres e eventos climáticos extremos. Dada a urgência da ação climática, o contexto, muitas vezes, gera sobrecarga e sofrimento psíquico. A pesquisa fortalece o argumento de que cuidar de quem cuida da natureza também é essencial.

Enfrentamento à ansiedade climática

Para enfrentar os impactos da crise climática, especialmente no que diz respeito à saúde mental e à vulnerabilidade das juventudes amazônidas, o Instituto tem atuado de forma estratégica na produção de conhecimento e na incidência direta em políticas públicas. Além de realizar pesquisas como o “Fala Juventudes da Amazônia”, o COJOVEM busca oferecer caminhos para garantir segurança e dignidade às juventudes no presente, e não apenas em um futuro distante.

Como parte dessa atuação, o Instituto anunciou que serão lançados dois artigos com propostas de políticas públicas voltadas à inclusão das juventudes na agenda climática. O primeiro, sobre “Transição Justa na Amazônia”, analisa as políticas ambientais existentes e aponta lacunas na participação jovem. O segundo, intitulado “Adaptação, mitigação e juventudes da Amazônia”, discute a resposta climática a partir de uma perspectiva de justiça social, especialmente frente aos decretos de emergência que se multiplicam nos estados da região. Por meio desses instrumentos, o coletivo busca construir soluções reais, propondo políticas mais inclusivas, eficazes e alinhadas com os desafios urgentes que as juventudes amazônidas já enfrentam hoje.

Falar para resolver

Para Pedro Mota, coordenador do COJOVEM, falar sobre o problema é o primeiro passo para enfrentá-lo. “Nossa saúde mental está diretamente ligada às mudanças no ambiente, e é urgente buscar formas de lidar com as ansiedades geradas pela crise climática. A sensação constante de instabilidade nos afeta profundamente. Se reconhecermos a importância do bem-estar emocional, poderemos construir políticas públicas e campanhas que promovam cuidado e esperança. Uma sociedade que cuida da sua saúde mental está mais preparada para construir um futuro justo e sustentável”.

“Enfrentar a crise climática exige ação coletiva: é um problema comum e só é possível encontrar soluções se estivermos em ‘bando’. Grupos vulneráveis tendem a sofrer mais, e é dever da sociedade cuidar coletivamente. A pandemia da Covid-19 mostrou os danos do isolamento, e a crise ambiental tende a intensificar essa sensação. Espaços de acolhimento e abrigo se tornarão cada vez mais frequentes, reforçando a importância da união. É necessário equilibrar a preocupação individual com o autocuidado e transformar essa angústia em missão coletiva.” explica.

“É hora de canalizar nossas inquietações em força criativa para construir respostas concretas à crise climática. Mais do que alertar, precisamos exigir que quem detém poder e recursos apoie iniciativas lideradas por quem vive nesses territórios. São esses projetos, pensados a partir da realidade local e das juventudes, que podem gerar impacto real. Com apoio e investimento adequados, é possível desenvolver soluções eficazes que fortaleçam a saúde coletiva e devolvam um pouco de paz em meio à instabilidade do presente”, finaliza o coordenador..

Projeto COJOVEM

O COJOVEM é uma instituição que desenvolve projetos focados na formação de jovens, na promoção de pesquisas e na construção de ações para influenciar políticas públicas. Atualmente, está organizando a I Cúpula de Jovens Líderes da Amazônia Legal, um evento que reúne 28 jovens de todos os nove Estados da região para debater temas como mudanças climáticas, direitos humanos, cultura e desenvolvimento sustentável.

O objetivo da Cúpula é fortalecer a participação dos jovens na criação de políticas e ações que protejam a floresta, promovam justiça social e valorizem o protagonismo juvenil na transformação socioambiental da Amazônia. Desse encontro, serão produzidos dois documentos: uma Agenda Comum das Juventudes Amazônidas, com diretrizes para políticas públicas, e uma Declaração dos Jovens Líderes, que reafirma a importância da Amazônia para o Brasil, além da defesa contra sua exploração predatória. Nos últimos três anos, a cooperativa tem participado das negociações internacionais junto à UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), defendendo que as decisões globais também garantam os direitos de crianças e jovens.

Para saber mais sobre o COJOVEM, basta acessar o Instagram @cojovem.br ou entrar em contato com a coordenação pelo perfil @botodebelem.

Analista de comunicação*.



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

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