Oficina incentiva manejo sustentável do açaí no Amapá

10 de setembro de 2025 | Notícias

set 10, 2025 | Notícias

Produtores extrativistas da reserva extrativista Cajari, no Amapá, participaram de oficina promovida pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) para ensinar e incentivar práticas sustentáveis da produção do açaí. Realizada de 2 a 4 de setembro, a capacitação foi uma parceria do instituto com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

O curso apresentou técnicas de manejo que conciliam conservação da floresta e geração de renda para as famílias locais. Os participantes aprenderam desde o inventário florestal e reconhecimento de espécies até práticas de campo, como corte seletivo (retirada controlada de algumas árvores para favorecer o crescimento das demais), desbaste de touceiras (redução dos pés de açaí em excesso para aumentar a produtividade) e enriquecimento de áreas com novas mudas de açaí.

Durante a atividade, foi implantada uma URT (Unidade de Referência Tecnológica) – parcela amostral de 50 x 50 metros instalada dentro da floresta, dividida em quadrantes, onde se realizam inventário florestal, coleta de dados e intervenções de manejo. “Depois de coletados os dados, nós fazemos as análises e o manejo da floresta, do açaí. A parte prática é feita toda dentro da URT”, explica Anderson Firmino, analista de pesquisa do IPAM.

Segundo Firmino, a oficina foi fundamental para mostrar que é possível melhorar a produtividade sem abrir mão da floresta. “Os participantes aprenderam técnicas de manejo sustentável do açaí nativo, como o raleamento seletivo e o controle da densidade dos açaizeiros. Aplicando as técnicas ensinadas, os produtores podem aumentar a produção de frutos por hectare, sem desmatar ou degradar a floresta”, afirma.

Na avaliação do pesquisador, o aprendizado também demonstrou que o manejo sustentável contribui para manter a floresta em pé, fortalecendo a captura de carbono e ajudando a regular o clima. Ele acrescenta que a iniciativa mostrou o equilíbrio entre produção e conservação, valorizando tanto o conhecimento técnico quanto os saberes tradicionais das comunidades.

Para Davi Gonzaga Balbino, presidente do Icaf (Instituto dos Castanheiros Extrativistas, Agroecológico e Agricultura Familiar do Alto Cajari) e morador da reserva extrativista Cajari, a atividade deixa um legado para as comunidades extrativistas.

“Esse curso foi de grande importância para nós produtores extrativistas. Nós conseguimos ver que é possível produzir, tirar uma renda da floresta e ainda conservar. A formação já deixou um legado, um conhecimento incrível para gente”, afirmou Balbino.

Além das aulas e práticas em campo, os produtores avaliaram os impactos imediatos do manejo na URT e discutiram formas de replicar as técnicas em outras localidades da reserva.

A iniciativa busca fortalecer o uso múltiplo da floresta, garantindo a conservação da Amazônia e a valorização do conhecimento local.



Este projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Saiba mais em brasil.un.org/pt-br/sdgs.

Veja também

See also