Celiana Krikati e o protagonismo da mulher indígena no combate ao fogo 

11 de agosto de 2025 | Notícias, Um Grau e Meio

ago 11, 2025 | Notícias, Um Grau e Meio

Por Sara Leal*

Quando foi indicada em 2017 por sua aldeia para integrar a primeira brigada voluntária da terra indígena Krikati, no Maranhão, Celiana não imaginava que, anos depois, se tornaria a primeira mulher chefe de brigada PrevFogo do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no Estado.

“Eu já tinha interesse em conhecer melhor nosso território. Apesar de viver nele, não sabia exatamente como era, suas coordenadas e limites”. O teste de aptidão física para a brigada voluntária envolvia carregar 20 kg de água nas costas por quilômetros e capinar áreas extensas, no mesmo tempo que os homens. Foi uma das poucas mulheres a passar.

Ao exercer a função, conta que redescobriu sua própria casa: entendeu que está no Cerrado e as riquezas que possui, mas também ameaças. De lá para cá, foi chefe de esquadrão em 2022 e, há 8 anos, ocupa o cargo de chefe de brigada.

Além de combater o fogo, Celiana Krikati e sua equipe promovem ações de educação ambiental, produzem mudas de espécies nativas, fazem manejo florestal e conscientizam moradores — indígenas e não indígenas — sobre a importância da conservação do território. “Conscientizamos crianças, caçadores, pescadores e até vizinhos não indígenas, mostrando que o território é rico, mas também pede socorro e precisa ser cuidado”, conta.

Diante dos desafios – o peso do trabalho físico, os riscos da profissão e a conciliação com a maternidade – Celiana se fortaleceu e quis fortalecer outras mulheres. Hoje, outras quatro indígenas fazem parte da brigada oficial e foi criada uma brigada voluntária com 22 mulheres indígenas, liderada por Edileana Torino, por quem foi inspirada e tem profunda admiração.

Celiana também preside a Associação das Mulheres Krikati, atuando há quase oito anos na articulação de lideranças femininas e no fortalecimento da presença das mulheres nas tomadas de decisão do território. “Houve uma época em que a mulher não podia estar à frente. Tinha que estar em casa, na cozinha, cuidando dos filhos. Hoje, mostramos que mulher também pode liderar”, afirma.

Seu sentimento é de gratidão por ver mais mulheres à frente da defesa ambiental e por perceber que, o que começou como um trabalho voluntário, se tornou um legado. “Acredito no fortalecimento das mulheres e no aprimoramento do conhecimento delas. Tudo que fizemos valeu a pena e nada foi em vão”.

 

*Coordenadora de Comunicação do IPAM, sara.pereira@ipam.org.br



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