Por Lucas Guaraldo*
A atuação política de Ângela Lopes de Jesus nasceu nas bases do movimento sindical rural. Começou como tantas lideranças começam: ouvindo mais do que falando, organizando reuniões, apoiando companheiros e companheiras e, pouco a pouco, assumindo responsabilidades maiores. Seu nome passou a ser conhecido não só em sua comunidade, próxima das praias e dos mangues de Salinópolis, mas também entre sindicatos de todo o Estado do Pará.
Em 2018, um marco histórico: Ângela se tornou a primeira mulher a presidir a FETAGRI‑PA (Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Pará), iniciando um novo capítulo na instituição. Durante seu primeiro mandato, defendeu com firmeza a agricultura familiar como caminho para o crescimento sustentável e para a melhoria da qualidade de vida no campo, além de pautar a justiça social e o respeito aos povos tradicionais e seus territórios.
Em 2021, foi reeleita para mais quatro anos à frente da federação. Na nova gestão, intensificou o trabalho em pautas urgentes, como o enfrentamento à emergência climática, o fortalecimento de políticas públicas para os agricultores familiares e o apoio a programas de pagamento por serviços ambientais.
Em março, Ângela coordenou o 11° Congresso Estadual da FETAGRI‑PA, que analisou as condições de vida dos agricultores e agricultoras familiares e debateu demandas (Foto: Fetagri-PA/Reprodução)
Sob sua liderança, a federação seguiu viva e combativa. Em março de 2025, Ângela coordenou o 11º Congresso Estadual da FETAGRI‑PA, realizado sob o lema “Sindicalismo Vivo, Produção de Alimentos Saudáveis e Justiça Climática”, reunindo centenas de delegados de todo o Estado. O congresso nutriu ainda mais o projeto coletivo que ganhou força e espaço no Pará ao longo dos mandatos de Ângela.
Cada vez mais, a agricultura familiar paraense conta com voz ativa no governo estadual e se vê representada na nova Secretaria de Estado da Agricultura Familiar, criada em 2023. Também almeja presença e reconhecimento na COP30, onde luta para que suas contribuições à mitigação da mudança climática sejam ouvidas.
Ao longo de sua trajetória, Ângela se tornou referência na luta por um campo mais justo, sustentável e democrático. Fruto de seu trabalho, sua presença carrega a autoridade de quem conhece de perto os desafios da terra.
Foto de capa: Sara Leal/IPAM