Florestas secundárias

O que são

Florestas secundárias, ou em recuperação, são aquelas que foram previamente desmatadas e voltaram a crescer.

Estima-se que a área de florestas secundárias na Amazônia seja de 850 milhões de hectares. O número corresponde a áreas desmatadas entre 1988 e 2023, e que voltaram a crescer.

A maioria da vegetação secundária na Amazônia é “jovem” – 90% têm menos de 29 anos. A recuperação de florestas secundárias pode levar de duas décadas até séculos, dependendo do quanto as florestas sofreram distúrbios, os tipos, sua localização e outros fatores.

Serviços ecossistêmicos prestados por florestas secundárias

Mesmo prejudicadas pelo desmatamento ou fogo, florestas secundárias prestam serviços ecossistêmicos relevantes. Removem da atmosfera, globalmente, até 1,6 bilhões de toneladas de carbono ao ano.

Durante seu processo de recuperação, florestas secundárias retiram carbono da atmosfera numa velocidade maior que florestas primárias. Pesquisa realizada em florestas da América do Sul e Central mostrou que florestas em recuperação acumulam carbono 11 vezes mais rápido em comparação com florestas primárias.

“Florestas secundárias prestam um importante papel na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Apesar disso, esse tipo de vegetação não é protegido em nível federal — nem mesmo pelo Código Florestal. Florestas em seu estágio inicial de regeneração são mais vulneráveis ao fogo e a outros distúrbios, necessitando de tanta proteção quanto florestas primárias”, comenta Celso Henrique Leite, pesquisador do IPAM.

Ainda, as florestas secundárias protegem florestas primárias de efeitos de borda e de desmatamento, além de aumentar a conectividade entre as vegetações, permitindo o intercâmbio de sementes e animais entre diferentes áreas florestais.

Ameaças enfrentadas

Num período de 35 anos (1985 e 2019), a maior parte das áreas onde a vegetação secundária se concentra na Amazônia foi atingida por desmatamento e fogo. Isso indica um processo de perda-recuperação-perda que atrasa o acúmulo de carbono, a recuperação da biodiversidade e outros serviços ecossistêmicos necessários para sua existência.

1% a 2% das florestas secundárias na Amazônia queimam por ano, 88% atingidas pelo fogo em seus primeiros 20 anos, quando mais armazenam carbono. Estudos do IPAM já mostraram que florestas em recuperação, quando atingidas pelo fogo, demoram até 29 anos para se recuperar.

Legislação e compromissos para proteção

Em sua NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) o Brasil se comprometeu a restaurar 120 mil quilômetros de floresta até 2030, como um dos esforços para manter a temperatura global abaixo de 1,5º.

Pará e Mato Grosso são os únicos estados na Amazônia Legal com Leis específicas para proteção de florestas secundárias.

A Legislação paraense específica que florestas com mais de 20 anos devem ser protegidas, e florestas entre 5 e 20 anos devem ser conservadas, a depender do nível de densidade.

A legislação paraense progrediu em 2015, resultado de esforço conjunto entre governo e cientistas. Antes, a norma não especificava a idade das florestas a serem protegidas, dificultando sua aplicação. Caso toda a vegetação primária da Amazônia fosse protegida pela Lei paraense, cerca de 30% dela estaria conservada.

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