“Coletar sementes é quase sagrado. É sentimento de pertencimento e união”

9 de dezembro de 2024 | Notícias, Um Grau e Meio

dez 9, 2024 | Notícias, Um Grau e Meio

Por Mariana Abuchain

Vanda Melo reside em um sítio no município de Carlindo, em São Paulo. Além de cultivar hortas e trabalhar com produção de leite,  a agricultora desenvolve atividades de  reflorestamento e restauração de ecossistemas florestais.

Contribui com projetos locais, como a entrega de hortaliças e leite para cooperativas, mas sua principal fonte de sustento é a coleta de sementes, principalmente de plantas crioulas.

“Nasci e fui criada na roça. Meus pais eram agricultores, mas nunca ensinaram as técnicas específicas de cultivo e manejo. Aprendi sobre o trabalho rural mais tarde, após enfrentar a difícil realidade de ser mãe solteira com cinco filhos”.

Durante 9 anos, acampou à beira da estrada antes de ser assentada. Foi no assentamento que começou a aprender sobre o cultivo e coleta. Desde então, tem se dedicado a coletar sementes como feijão-guandu, feijão-de-porco, gergelim e amendoim, além de produzir mudas e plantar árvores.

O Trabalho com Sementes e Reflorestamento

A coleta de sementes ocupa um lugar central na vida de Vanda. Ela se descreve como alguém que se “viciou” na atividade: observa constantemente as plantas e árvores ao seu redor, tenta descobrir seus nomes, tira fotos e faz a coleta com cuidado.

A agricultora realiza esse trabalho não só para replantar em sua propriedade, mas para atender a demanda local de sementes de regeneração natural de florestas e APPs (Áreas de Preservação Permanente.

Um exemplo do impacto ambiental de seu trabalho é o feijão-de-porco, utilizado em projetos de reflorestamento, pois suas raízes ajudam a adubar o solo.  “O processo de coleta de sementes, para mim, é quase sagrado. Eu e outras mulheres da comunidade participamos desse trabalho com um profundo sentimento de pertencimento e união”.

Devido à contribuição que presta ao reflorestamento, sua propriedade é reconhecida e tem recebido visitas de diversas pessoas, inclusive de outros estados e organizações. “Ao fazer isso, sinto que estou contribuindo diretamente para a conservação da floresta e para a biodiversidade local.”

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