A Amazônia é parte da solução para o cenário de mudanças climáticas, mas precisa ser olhada como prioridade. Durante o painel “A meta de 1,5º C e o papel da Amazônia na regulação climática”, organizado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), cientistas apontaram caminhos para evitar efeitos permanentes do aquecimento da temperatura média da Terra.
Carlos Nobre, do Painel Científico da Amazônia, apontou que o limite de 1,5º C na temperatura da Terra já é uma realidade, que se reflete nos eventos extremos, ondas de calor, secas, incêndios florestais, chuvas excessivas etc.
“Nós estamos vivendo um pior momento. A temperatura está há 17 meses acima de 1,5 graus. A ciência vai tentar entender por que aumentou 0,3 graus a temperatura o ano passado”, declarou.
Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM, revelou os dados do Monitor do Fogo e fez um apelo para que os incêndios entrem no cálculo da NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), ou o compromisso dos países em reduzir a emissão de gases poluentes firmado no Acordo de Paris. “São 31% a mais de emissões que não são contabilizadas”, calculou Ane Alencar.
Ludmila Rattis, pesquisadora do IPAM e do Centro de Pesquisa sobre Clima Woodwell, afirmou que o impacto das mudanças climáticas põe em risco a agricultura e disse que o restauro é uma solução, mas fez considerações.
“Enquanto se olha pra restauração como uma bala de prata, temos tem que ter em mente que a restauração demora muito tempo e não vai restabelecer de fato os serviços ecossistêmicos no tempo que a gente precisa”, ponderou.
A relevância da ciência para quantificar riscos, identificar impactos e apoiar soluções climáticas foi destacada por Glenn Bush, economista ambiental do Centro de Pesquisa sobre Clima Woodwell. “Um dos grandes desafios é a certeza de que estes mecanismos financeiros vão realmente ter os impactos que precisamos que tenham. A ciência pode ajudar a direcionar o que fazemos, onde fazemos e com quem fazemos.”
Frances Seymour, Conselheira Sênior para Florestas do Departamento de Estado dos Estados Unidos, ressaltou a relevância de manter florestas resilientes em nível mundial e falou sobre os atuais esforços do governo dos EUA. “A Casa Branca fez uma declaração defendendo os mercados de carbono como um instrumento necessário para aumentar o financiamento, reconhecendo os riscos envolvidos e as fraquezas do sistema atual, mas expressando confiança de que sabemos como gerir esses riscos, só precisamos avançar”, completou.
Ao final, Frances citou esforços de governos e da sociedade civil para buscar solução para a crise climática e elogiou o papel estratégico do IPAM para ação climática em nível local e governamental.