A NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) do Brasil apresentada na COP29 em Baku, no Azerbaijão, é um passo na direção para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Porém, considerando a experiência e a capacidade do país em reduzir suas emissões pode ser ainda mais ambiciosa, avalia o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
Detalhada nesta quarta-feira (13) pelo governo brasileiro, a meta prevê a redução das emissões líquidas em até 67% até 2035, em comparação com os níveis de 2005. O IPAM ressalta que a participação da sociedade é, contudo, crucial para garantir seu cumprimento.
“A NDC apresentada vai na direção certa da redução de emissões do nosso país. É importante ainda dizer que a NDC apresentada hoje na COP 29 é de toda a sociedade brasileira. E, por isto, para ser integralmente cumprida, necessita da união de todos. Setor privado, ciência, academia e os governos subnacionais. Só assim será possível garantir o cumprimento da nossa NDC e, se possível, torná-la ainda mais ambiciosa”, afirma André Guimarães, diretor executivo do IPAM.
A plataforma SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa) mostra que, entre 2005 e 2012, o Brasil emitiu 16,6 bilhões de toneladas brutas e 12,3 bilhões de toneladas líquidas de gases de efeito estufa, considerando todos os setores da economia. A nova meta de redução das emissões líquidas representa um desafio significativo, mas que o país tem plena condição de alcançá-la.
Contribuição brasileira
O IPAM destaca a importância da redução do desmatamento como principal contribuição do Brasil para a mitigação das mudanças climáticas. “O comportamento das taxas de desmatamento entre 2005 e 2008, por exemplo, quando conseguimos um grande redução de emissões, é semelhante à curva no desmatamento registrada entre 2023 e 2024. Algo que sugere que estamos na trajetória correta”, avalia Guimarães.
O IPAM ressalta, ainda, que o Brasil tem muito a se beneficiar ao cumprir a meta proposta. A redução do desmatamento contribui para a estabilização dos fluxos hídricos e, consequentemente, para a continuidade da produção agropecuária, importante para a economia do país. No entanto, o IPAM reconhece o desafio para o setor agropecuário. “É preciso acomodar a agropecuária a parâmetros novos, que impõem a redução e a finalização do desmatamento associada à atividade”, aponta o diretor executivo do Instituto.
Foto de capa: Marizilda Crupe/ Greenpeace