Casa de Onijá: primeiro ballroom do mundo em forma de corpo itinerante

5 de agosto de 2024 | Notícias, Um Grau e Meio

ago 5, 2024 | Notícias, Um Grau e Meio

*Por Mariana Abuchain

Fetxawewe Tapuya Guajajara Veríssimo, Fulni-ô Tapuya por parte de pai e Guajajara por parte de mãe, é estudante de sociologia e constrói seu legado dentro do movimento ballroom — ou salão de baile —  como integrante da Casa de Onijá, coletivo que promove o movimento cultural embalado pelos ritmos da música house.

Localizada no Mercado Sul, em Taguatinga, entorno do Distrito Federal, é a única casa de ballroom do Brasil que possui um espaço físico. No local, o grupo realiza ensaios, encontros, reuniões e celebrações.

Tapuya descreve que o movimento surgiu como um refúgio para pessoas pretas, periféricas e indígenas em contexto urbano como um espaço de segurança. “O objetivo da criação desse espaço, além de demarcar o território e aquilombar, é ser um refúgio direcionado à identidade cultural. Estamos no meio do asfalto em Brasília, mas, ao mesmo tempo, estamos dentro do mato [Cerrado] e a Casa vem como mais uma maneira de atravessar esses muros e barreiras, que impedem nossa ancestralidade de sobressair e de sermos de fato quem somos”, relata Fetxawewe.

                                                                                           📷Casa de Onijá / Divulgação

 

O ballroom Indígena que aconteceu na 19ª edição do ATL (Acampamento Terra Livre) 2023 foi a primeira apresentação a nível nacional e internacional de Vogue Indígena e teve grande influência da Casa de Onijá. “Por isso o espaço é relevante e acaba trazendo esse impacto dentro da cena também em outros contextos e nos permite falar de meio ambiente, crise climática, demarcação de terra e saúde”, comenta o estudante.

Fetxawewe destaca que a repercussão foi positiva também no Norte do país. “Muitos indígenas chegaram mais próximo da Casa, queriam conhecer mais o Vogue. Por isso, entendo que começamos a inspirar outras cenas, não só do Distrito Federal, mas do Brasil, o que incentiva o diálogo sobre corpos indígenas, corpos pretos e corpos dissidentes. Esse é o objetivo do ballroom indígena”, finaliza.

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