A Amazônia registrou alta de 65% na área queimada de janeiro a abril de 2023 em comparação com os quatro primeiros meses do ano anterior. O bioma teve 1,3 milhões de hectares atingidos pelo fogo, ou 91% de tudo o que queimou no Brasil no período. Divulgados nesta terça-feira, 16, os dados são do Monitor do Fogo, iniciativa do MapBiomas em parceria com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
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Pesquisadores avaliam que uma fase mais amena do evento climático La Niña, direcionada para o fim do fenômeno neste ano, seria, ao menos em parte, a explicação para os números elevados.
“Um dos fatores que pode ter contribuído para o aumento está relacionado à transição do La Niña, que durou três anos, para uma condição de neutralidade. O La Niña traz mais umidade para a Amazônia, o que dificulta a propagação do fogo. No entanto, é importante ressaltar que a relação entre esse fenômeno e a ocorrência de queimadas também pode ser influenciada por atividades humanas, práticas agrícolas, e políticas de prevenção e controle de incêndios, por exemplo”, diz Felipe Martenexen, pesquisador no IPAM.
Foco em Roraima
O fogo se concentrou em Roraima: o estado teve 72% de tudo o que queimou no país de janeiro a abril. Foram 1 milhão de hectares atingidos, 95% a mais que o registrado no mesmo período do ano passado. Mato Grosso e Pará vêm na sequência, com 113 mil hectares e 81 mil hectares queimados. Os três estados somaram 85% da área queimada no Brasil nos quatro meses.
Os municípios Normandia, Pacaraima e Boa Vista, todos em Roraima, tiveram a maior área queimada: 331 mil hectares, 245 mil hectares e 140 mil hectares, respectivamente.
“Em particular, a região do lavrado de Roraima representou cerca de 93% da área queimada no estado nesse período. O lavrado é caracterizado por campos abertos e vegetação rasteira, composta principalmente por gramíneas e arbustos, sendo mais adaptado ao uso do fogo. Nessa região, muitas plantas dependem do fogo para a liberação de sementes e remoção de competidores”, explica o pesquisador.
Brasil e Cerrado
O Brasil teve 1,4 milhões de hectares queimados de janeiro a abril, uma área 48% maior do que a registrada no mesmo período de 2022. De tudo o que queimou, 71% era vegetação nativa e 7,5% eram pastagens de uso agropecuário.
Segundo bioma mais queimado, o Cerrado teve 86 mil hectares atingidos pelo fogo, ou 7% da área queimada do país no período. É um aumento de 10% em relação a 2022. Metade do fogo, 43 mil hectares, ocorreu em abril.
”O bioma Cerrado apresenta os maiores índices de chuva nos primeiros meses do ano, o que resulta em menor área queimada. As queimas prescritas são realizadas durante esse período como parte da estratégia de prevenção de incêndios florestais do MIF, o Manejo Integrado do Fogo”, acrescenta Vera Laísa Arruda, pesquisadora no IPAM.