A última plenária da COP27, a Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas, começou às 4h da manhã de domingo e terminou às 9h20, horário de Sharm El-Sheikh, no Egito, com um acordo sobre o fundo de compensação de perdas e danos. O mecanismo vai possibilitar que países considerados em desenvolvimento tenham acesso a um recurso inicialmente fixado em 100 bilhões de dólares para medidas de prevenção e adaptação aos impactos das mudanças climáticas.
A criação do fundo também implica no reconhecimento, por parte dos países ricos, do fato que é desses países a responsabilidade pelo aumento da concentração de carbono de atmosfera e, consequentemente, pelo superaquecimento global.
Faltam duas definições para a medida ser colocada em prática: quais países vão ceder os recursos e quais estarão habilitados para recebê-los.
Também houve avanços na discussão sobre o artigo 6° do Acordo de Paris: agora, com as resoluções sobre o quadro regulatório, os países e órgão revisor criado na COP26 poderão acelerar a construção dos modelos para a concretização dos mercados de carbono.
Em outros temas, como a redução nas emissões de gases do efeito estufa, não houve atualização nas metas já definidas e assumidas pelos países na COP26, que ocorreu em Glasgow, na Escócia.
Tipping point global
Durante a plenária final, negociadoras de Maldivas tiveram em sua mesa um “relógio climático” apontando para o tipping point, ou ponto de inflexão, do planeta ao ultrapassar o limite definido de 1,5°C no aumento da temperatura média global. Segundo a contagem regressiva, se seguir no ritmo atual, o mundo pode chegar a esse patamar em 6 anos e 244 dias. O país insular asiático é um dos mais vulneráveis à elevação do nível do mar, decorrente das altas temperaturas que expandem o volume dos oceanos e que fazem derreter geleiras.
Clima de encerramento
No último dia da COP27, a maioria dos pavilhões estava em clima de encerramento ou, em alguns casos, sendo desmontados. O público nos corredores foi menor do que nos outros dias da conferência, sendo composto, basicamente, pelas equipes dos pavilhões e pelas pessoas que trabalharam no evento.
O Brazil Climate Action Hub concluiu a programação com duas mesas: “Atuação Parlamentar em Perdas e Danos – Perspectivas do Global Sul” e “O papel de um mercado de carbono regulado para apoiar o setor empresarial brasileiro no alcance de metas net-zero”. Organizado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) em parceria com o Instituto Clima e Sociedade e com o ClimaInfo, o espaço da sociedade civil brasileira na COP27 sediou discussões durante todo o evento. É possível assistir às gravações no site.