NOTA À IMPRENSA
O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) demonstra consternação e manifesta solidariedade às famílias e aos amigos do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips, mortos no Vale do Javari.
O triste desfecho preocupa, pois se soma à uma recente escalada de violência marcada por inadmissíveis ameaças contra indígenas, comunidades tradicionais, lideranças ambientais, cientistas, jornalistas e demais pessoas que trabalham pela proteção e pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Não reconhecemos a região como local de violência e prática de crimes. Isso não é a Amazônia!
A Amazônia é sinônimo de vida, a tradução mais fiel do termo sociobiodiversidade. Uma em cada cinco soluções, que a vida encontrou para habitar nosso planeta nos últimos três bilhões de anos, encontra a sua morada na Amazônia. Os povos originários da região e suas comunidades tradicionais abrigam milênios de conhecimento precioso para o futuro da humanidade. É urgente, portanto, reconstruirmos os planos do Brasil para essa rica e potencialmente próspera região.
A sociedade brasileira quer um desenvolvimento na Amazônia economicamente próspero, livre de destruição florestal, ilegalidade e violência. Violência esta que tirou do convívio de seus familiares, de amigos e da sociedade dois profissionais sérios, corajosos e imbuídos por um sentimento de dever para com os brasileiros e a região.
É imprescindível que as autoridades competentes esclareçam definitivamente o caso. E o façam de forma firme, transparente e rápida para este e os demais casos de ameaças a ativistas na região. Caso contrário, não estaremos honrando a luta de Bruno e Dom por um país melhor, pelo respeito aos direitos humanos e por uma Amazônia conservada. Sem uma punição exemplar dos culpados, estaremos dando aos criminosos da região o sinal de que tudo podem, incluindo ceifar a vida daqueles que se posicionam contra o interesse dos que vêm saqueando o maior patrimônio dos brasileiros.