Em expedição de campo, pesquisadoras do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e do Woodwell Climate Research Institute, dos Estados Unidos, estiveram nesta sexta-feira (6) em área de agricultura familiar em Aguaçu (MT) atingida por um incêndio na mata. O fogo escapou de uma queimada de pasto próxima e alcançou uma área de produção agrícola e a vegetação nativa – exemplo claro da importância do bom manejo e dos riscos associados à prática nesta época do ano.
Produtores rurais tiveram prejuízos no cultivo da laranja, com mangueiras de irrigação destruídas. O gado chegou a ficar preso pelo fogo. O combate foi feito pelo Batalhão de Emergências Ambientais de Mato Grosso.
“A limpeza de pastagem é o principal tipo de fogo que ocorre no Brasil. Alguém foi limpar o pasto, não conseguiu controlar, e o fogo acabou escapando para a área de plantio”, diz a diretora de Ciência no IPAM, Ane Alencar, presente na expedição. “O Cerrado é um bioma que evolui com o fogo, então as pessoas acham que todo fogo que acontece no Cerrado é natural. Só que o fogo natural não acontece com essa frequência, nem com essa intensidade. Normalmente, deveria ocorrer mais perto das chuvas, quando acontecem tempestades de raio”, explica Alencar.
A expedição, que começou nesta mesma sexta-feira, tem como objetivo criar soluções para o controle mais eficiente de incêndios e queimadas, que se agravam no período da seca. É uma parceria entre IPAM, Woodwell Climate e o batalhão.
“Mesmo com as coordenadas, achar a localização exata do foco de incêndio pode demorar horas. A falta de sinal e de conexão para a comunicação entre as equipes também é um problema”, diz a coordenadora do projeto, a pesquisadora do Woodwell Climate Manoela Machado. Esse é um exemplo do espaço que existe entre as informações de satélite, processadas por cientistas, e a prática do campo. “Pretendemos entender o máximo possível como funcionam essas duas pontas, a ciência e o combate, para propor um formato automatizado no futuro.”
A expedição continua até o dia 13, passando por três biomas de Mato Grosso: Cerrado, Amazônia e Pantanal. Um diário da viagem é compartilhado no Instagram do IPAM.